Pará se transforma para COP30 Amazônia
- Murilo Nascimento
- 3 de abr.
- 5 min de leitura
Atualizado: 5 de abr.
A COP 30 Amazônia, é uma chance histórica para o Brasil liderar as discussões globais sobre mudanças climáticas e mostrar a importância da Amazônia na preservação ambiental
Por: Letícia Lima
© Ascom/Gov Pará

O estado do Pará está se preparando para sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), marcada para novembro de 2025, em Belém. Este evento global coloca o Brasil em destaque no cenário internacional, especialmente devido à importância da Amazônia na pauta ambiental mundial.
O evento reunirá líderes globais, especialistas, ativistas e representantes da sociedade civil para discutir ações e compromissos no combate às mudanças climáticas. Neste ano, o principal objetivo é acelerar a implementação dos compromissos estabelecidos no Acordo de Paris, com foco na redução das emissões de gases de efeito estufa, adaptação aos impactos climáticos e financiamento climático.
A COP 30 Amazônia é uma oportunidade para fortalecer a cooperação internacional e promover políticas ambientais mais eficazes, como também, servir como um espaço para compartilhar soluções inovadoras e reforçar o compromisso com um futuro sustentável. Além disso, a Conferência das Partes ocorrerá em um momento crucial, com a necessidade urgente de ações concretas para evitar os piores efeitos da crise climática.
O Brasil, como país anfitrião, desempenha um papel importante nesse processo global, principalmente por abrigar a maior parte da Amazônia. A maior floresta tropical do mundo traz um papel vital na regulação do clima global, absorvendo grandes quantidades de carbono e além disso, é uma grande produtora de energia renovável, especialmente em termos de energia hidrelétrica e bioenergia.
Governo Federal e Investimentos
© Ailton Fernandes/CC

O Governo Federal, em colaboração com os governos estadual e municipal, tem investido significativamente na infraestrutura de Belém para receber a COP 30 Amazônia. O investimento total chega a R$ 4 bilhões, provenientes do tesouro do estado do Pará, de um acordo com a Itaipu Binacional e de financiamentos junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Segundo entrevista do engenheiro e assessor da Diretoria Socioambiental do BNDES, Pedro Lotty, para a Agencia Pará, o governo tem feito investimentos no Pará desde o ano de 2023, focando não só na organização da COP, como também, em deixar um legado de lembranças e investimentos na cidade. “Estão sendo realizadas intervenções em toda a cidade, em equipamentos culturais, de infraestrutura e de saneamento, que deixarão uma memória para a população da cidade de Belém”, relatou o assessor.
Esses recursos governamentais estão sendo aplicados em obras de mobilidade urbana, como a ampliação da Rua da Marinha e a reestruturação de avenidas importantes. Tais obras visam facilitar o trânsito durante o evento e melhorar a mobilidade do lugar a longo prazo.
Obras Estruturantes e Infraestrutura
As obras estruturantes estão em andamento para melhorar a infraestrutura urbana de Belém. Além das melhorias viárias, há investimentos em equipamentos culturais, de saneamento e de saúde, com o objetivo de deixar um legado para a população local e garantir a qualidade dos serviços durante a conferência.
© Paulo Koba/BBC

Na área de saneamento, por exemplo, o Governo do Pará investe na revitalização das bacias do Tucunduba, Una e Tamandaré, com intervenções em 13 canais, um dos quais já entregue totalmente reconstruído no dia 6 de janeiro, o Canal da Timbó, no bairro do Marco, sendo a primeira grande obra concluída para a COP 30. Durante a entrega do Canal da Timbó, a vice-governadora do Pará e presidente do Comitê Estadual da COP 30, Hana Ghassan, reforçou que as obras serão um legado permanente para a cidade, beneficiando todas as camadas sociais.
Juntamente com as obras, a qualificação profissional é uma prioridade para o governo paraense nesse período de preparação. Com a criação do Programa Capacita COP 30 Amazônia, o governo do estado oferece cursos nas áreas de turismo, infraestrutura e serviços, beneficiando milhares de trabalhadores e proporcionando uma iniciativa focada em desenvolvimento humano, profissional e econômico aos paraenses.
Conflitos e Desafios
A preparação para a COP 30 Amazônia enfrenta uma série de desafios complexos e interconectados. A busca por conciliar o desenvolvimento econômico acelerado com a preservação ambiental demanda um equilíbrio altamente delicado e, muitas vezes, contraditório.
A expansão da construção civil e o crescimento urbano, por exemplo, podem desencadear conflitos profundos no que tange ao uso do solo, com o risco de comprometer a integridade de áreas verdes essenciais para a regulação climática. Neste sentido, é imperativo que os benefícios gerados pelo evento sejam distribuídos de maneira equitativa entre as diversas comunidades locais, de forma a evitar exacerbar as desigualdades sociais preexistentes e reduzir as tensões que podem surgir a partir de desigualdades no acesso a recursos e oportunidades.
© Fábio Bispo/InfoAmazonia

A gestão cuidadosa desses aspectos será fundamental para garantir que a COP 30 Amazônia seja verdadeiramente inclusiva e contribua para um futuro mais sustentável e justo.
Expectativas para a COP 30 Amazônia
A COP 30 Amazônia representa uma oportunidade única para o Brasil reafirmar seu compromisso com a sustentabilidade e o combate às mudanças climáticas. A escolha de Belém como sede do evento destaca a importância da Amazônia nas discussões ambientais globais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfatizou que a conferência permitirá discutir a Amazônia dentro da própria Amazônia, proporcionando uma experiência imersiva na floresta tropical que é vital para a regulação climática do planeta.
À medida que a data se aproxima, espera-se que os investimentos em infraestrutura e capacitação resultem em melhorias significativas para a população local, além de fortalecer a posição do Brasil no cenário ambiental internacional. No entanto, é essencial que os preparativos considerem e mitiguem os possíveis conflitos e desafios, garantindo que o legado da COP 30 Amazônia seja positivo e sustentável para todas as comunidades envolvidas.
Para muitos, o evento representa uma oportunidade histórica de demonstrar o compromisso do Brasil com a preservação ambiental, principalmente em relação à Amazônia, que desempenha um papel essencial na absorção de carbono e na regulação do clima global. "O Brasil precisa ser protagonista nas discussões sobre mudanças climáticas, não apenas como anfitrião, mas como líder na defesa de nossas florestas e recursos naturais", afirma Mariana Silva, ambientalista e especialista em políticas ambientais, em entrevista para o Jornal da USP.
Além da preservação ambiental, os brasileiros esperam que a COP 30 Amazônia também traga avanços significativos em termos de justiça social e desenvolvimento sustentável. Com a crescente preocupação com o desmatamento e as consequências das mudanças climáticas nas comunidades mais vulneráveis, muitos acreditam que a conferência será uma oportunidade para a criação de políticas públicas mais eficazes. "A COP 30 Amazônia pode ajudar a conectar as questões ambientais com a luta por um Brasil mais justo. Esperamos que a conferência resulte em ações concretas que beneficiem tanto o meio ambiente quanto as populações mais carentes", afirma João Carlos Souza, representante de uma organização não governamental voltada para a defesa dos direitos das comunidades indígenas.
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