COP 30 e o avanço tecnológico: como a conferência climática pode impulsionar cidades sustentáveis no Brasil
- Murilo Nascimento
- 3 de abr.
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Atualizado: 5 de abr.
A COP 30 Amazônia será uma oportunidade crucial para impulsionar o avanço tecnológico rumo a cidades mais sustentáveis, promovendo inovações que podem transformar o cenário urbano e ajudar o país a alcançar suas metas ambientais
Por: Juliana Melo
O Brasil estará no centro do debate global sobre sustentabilidade durante a realização da 30ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que ocorrerá em Belém do Pará, em novembro deste ano. O evento, além de debater políticas ambientais, promete acelerar a adoção de tecnologias inovadoras para redução dos impactos climáticos - e algumas cidades brasileiras já deram os primeiros passos nesta direção.
O exemplo vem da capital do menor estado do país: Aracaju. Soluções tecnológicas para aprimorar a mobilidade urbana e a gestão de resíduos sólidos estão na pauta das discussões entre os agentes públicos municipais há alguns anos, e muitas ações importantes já saíram do papel e passaram a fazer parte da rotina dos aracajuanos.
Uma das grandes apostas da capital é o programa de bicicletas elétricas, de iniciativa da administração municipal. Nesta primeira fase, quatro Ecobikes, como são chamados os veículos, foram distribuídos aos Ecopontos, unidades de recebimento e separação dos resíduos sólidos recicláveis, para que sejam utilizadas por cooperativas de reciclagem formadas por ex-catadores.
© Ascom/Emsurb

Segundo o presidente da Cooperativa União, Jackson Miller, somente na região do bairro Inácio Barbosa a quantidade de material recolhido já foi quatro vezes maior depois que eles passaram a utilizar a bicicleta elétrica que puxa o reboque. “A gente consegue entrar em locais que o caminhão não conseguia acessar”, celebrou. A medida, não só incentiva o transporte limpo, mas também gera renda e inclusão social, mostrando como a tecnologia pode ter um duplo impacto: ambiental e econômico.
“É muito importante implementar projetos que promovam a ecologia e reduzam a poluição. Com as Ecobikes, o acesso à coleta seletiva será facilitado em alguns bairros, beneficiando tanto a sociedade quanto o meio ambiente. A Prefeitura está de parabéns por essa iniciativa inédita em Aracaju”, afirmou o presidente da Rede de Cooperativas de Sergipe, Dácio Ferreira.
Energia limpa e transporte público
Na limpeza urbana, a tecnologia também vem atuando de forma transformadora. Todos os veículos de coleta de lixo da cidade possuem sistemas de rastreamento, permitindo monitoramento em tempo real e otimização de rotas. Essa gestão baseada em dados reduz custos e diminui o impacto ambiental dos serviços públicos.
© Sérgio Silva

“Com o uso dos rastreadores a equipe de planejamento consegue verificar se todas as rotas foram concluídas. Além disso, é possível levar uma resposta imediata à população mediante reclamações de que não houve coleta. E, principalmente, planejar alterações e otimização nos roteiros de coleta”, esclarece e engenheiro civil e ambiental, Carlisson Ferreira, gerente de engenharia da Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) de Aracaju.
Com processos avançados de tratamento de chorume e biogás, o aterro sanitário de Aracaju também é um bom exemplo de inovação e uso da tecnologia a favor da sustentabilidade, complementa o especialista. “O tratamento de resíduos sólidos por si só já demanda uma tecnologia de permeabilização do solo muito avançada. Porém, o tratamento do efluente que é gerado, o chorume, assim como o gás, utiliza da mais alta tecnologia no mundo. E a cidade de Aracaju destina os seus resíduos em um aterro sanitário que possui alta tecnologia no tratamento de chorume e gás”, enfatiza Carlisson Ferreira.
Outra frente de atuação de Aracaju é a eletromobilidade. Depois da fase experimental do primeiro ônibus elétrico da capital, a Câmara de Vereadores aprovou um projeto para que a prefeitura, através de um empréstimo de R$ 161 milhões, adquira 30 novo ônibus elétricos para circular nas ruas da capital, reduzindo a emissão de poluentes e, consequentemente, melhorando a qualidade do ar. A iniciativa se alinha com um dos temas-chave da COP 30: a transição energética em grandes centros urbanos.
COP 30 e o fomento à tecnologia verde
Entre as expectativas para a edição da conferência realizada no Brasil é que ela amplie as discussões sobre financiamento climático e cooperação internacional, pressionando, inclusive, que governos e empresas adotem tecnologias sustentáveis. Uma das soluções apontadas como mais viáveis para cumprir as metas climáticas são as Cidades Inteligentes, que alinham digitalização e baixa emissão de carbono.
Neste sentido, a capital sergipana demonstra que é possível aliar inovação e sustentabilidade, mas especialistas alertam que, sem investimentos em larga escala, o Brasil pode ficar para trás. A COP 30 será um termômetro para medir o comprometimento do país com essa agenda – e o setor tecnológico terá um papel central nessa transformação. O caminho está aberto. Resta saber quantas cidades seguirão o exemplo.
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