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A influência da mídia na opinião pública sobre a crise climática

  • Foto do escritor: Murilo Nascimento
    Murilo Nascimento
  • 3 de abr.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 5 de abr.

Evento global e influência midiática: o impacto da cobertura jornalística na percepção pública da crise climática


Por: Alex Lucas Silva

© Designed by Freepik

A mídia tem o poder de moldar a percepção pública sobre a crise climática, influenciando o impacto das discussões e decisões durante eventos como as COPs
A mídia tem o poder de moldar a percepção pública sobre a crise climática, influenciando o impacto das discussões e decisões durante eventos como as COPs

Em novembro deste ano, Belém do Pará será palco de um evento internacional que poderá alterar os rumos das negociações climáticas no mundo: a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas  (COP 30 Amazônia). Como país anfitrião, o Brasil assumiu um lugar de destaque, estando no centro das discussões sobre o meio ambiente. Porém, além das decisões políticas tomadas durante o evento, existe um fator essencial que influencia seu impacto na sociedade, ou seja, a maneira como a mídia molda o debate público sobre a crise climática.


A cobertura jornalística desempenha um papel fundamental na forma como a conferência será percebida pelo público. As narrativas construídas pela imprensa não apenas informam, mas também influenciam a opinião pública e a pressão social sobre os tomadores de decisão.


A maneira como os desafios ambientais e as possíveis soluções forem abordados nas reportagens pode determinar o alcance das discussões, mobilizando cidadãos e organizações além dos corredores do evento. Assim, o futuro do planeta não será debatido apenas dentro das salas de negociação, mas também na forma como essas histórias serão contadas e compartilhadas com o mundo.


De acordo com o jornalista e pensador estadunidense McCombs, a teoria da Agenda Setting defende que o público costuma dar mais relevância aos conteúdos que têm maior exposição nos meios de comunicação. Essa situação sugere que a mídia é quem determina a pauta do que será discutido.


Portanto, a forma como a imprensa cobre um evento como a COP 30 Amazônia acaba influenciando a percepção da sociedade sobre a sua importância e os desafios ambientais pelo mundo. Uma reportagem pode engajar pessoas a criar ações para combater as mudanças climáticas, porém, por outro lado, pode minimizar sua urgência, dependendo de qual abordagem for escolhida. 


O papel da mídia na construção da agenda climática


A cobertura da imprensa em eventos como a COP 30 Amazônia tem um papel central na disseminação de informações para o público. No entanto, a forma como essas informações serão abordadas pelos meios de comunicação dependem dos seus interesses econômicos e editoriais.


O jornalista especializado em ciência ambiental, Dal Marcondes, explica que "os jornalistas brasileiros tiveram um bom tempo para entender e aprender sobre mudanças climáticas. No início havia um ceticismo generalizado, agora já estão admitindo que o clima está, de fato, mudando. A mídia, de maneira geral, aceita que há mudanças, mas ainda trata os eventos extremos como tempestades e ondas de calor como episódicos e não como sistêmicos".


A maneira como essa temática é tratada acaba influenciando o engajamento da população. Se a cobertura focar apenas em discursos políticos, sem trazer impactos reais da crise ambiental no cotidiano das pessoas, o tema pode parecer distante e genérico. Além disso, a escolha dos profissionais para falar sobre o assunto também tem um peso significativo. A apresentação de cientistas e vozes negacionistas como se tivessem a mesma credibilidade pode gerar desinformação e acabar dificultando o avanço das discussões. 


Dal Marcondes também faz um alerta para o papel das redes sociais. "As redes sociais dão mais espaço para os negacionistas das mudanças climáticas do que para as vozes da ciência. É importante registrar que uma informação em uma mídia jornalística é uma informação checada e com fontes qualificadas. Ciência não é opinião". Ele reforça que "o fortalecimento da cobertura do tema por mídias estabelecidas é fundamental e o comprometimento dos jornalistas em atuar como pontos focais do combate à desinformação climática é fundamental".


© The Guardian

A mídia jornalística desempenha um papel crucial na conscientização, informando o público sobre questões ambientais e incentivando a ação diante da crise climática global
A mídia jornalística desempenha um papel crucial na conscientização, informando o público sobre questões ambientais e incentivando a ação diante da crise climática global

Percepção pública e influência da mídia


A forma como a mídia representa a crise climática acaba afetando a percepção da população sobre sua urgência. Mesmo que uma boa parte dos brasileiros reconheça a mudança no clima, uma parcela menor se sente diretamente afetada, o que confirma uma desconexão entre a experiência individual e o debate global. 


As redes sociais têm um papel crescente nesse cenário. Hashtags, influenciadores e campanhas através da internet podem aumentar a discussão sobre a COP 30 Amazônia, se tornando um tema mais acessível para as pessoas. Porém, o ambiente digital também pode abrir espaço para a disseminação de fake news, podendo enfraquecer o debate e gerar dúvidas sobre a real gravidade do problema


© Kiara Worth

Os protestos refletem a pressão da sociedade por ações concretas contra a crise climática, destacando a urgência de políticas ambientais eficazes
Os protestos refletem a pressão da sociedade por ações concretas contra a crise climática, destacando a urgência de políticas ambientais eficazes

Desafios da cobertura midiática sobre a COP 30


Os veículos de comunicação enfrentam várias dificuldades ao cobrir a COP 30 Amazônia de maneira responsável e equilibrada. Há a influência de interesses econômicos e políticos, a necessidade de levar uma informação mais didática para um bom entendimento do público geral e o combate à desinformação. Marcondes aponta que "a principal tarefa dos jornalistas é estudar quais são os impactos das mudanças climáticas nos diversos temas da economia, da saúde, da mobilidade e em todas as áreas que os eventos climáticos têm impactos relevantes".


Outro empecilho são as coberturas superficiais. Muitas vezes, o evento se torna um palco de grandes promessas e discursos, sem haver nenhum aprofundamento real sobre as decisões que foram tomadas. Essa abordagem pode enfraquecer a movimentação da sociedade e diminuir a exigência por ações mais concretas. 


Dal Marcondes também explica que é fundamental que os jornalistas "é muito importante estudar e entender o que é uma COP climática e, em especial, como será a COP 30 Amazônia, a primeira em um país amazônico". Ele destaca a importância de buscar a informação mais qualificada possível e transcrever isso em uma linguagem acessível para a população.


O futuro da comunicação ambiental


A COP 30 Amazônia tem tudo para ser um marco tanto para a política climática quanto para a mídia. A cobertura dessa conferência vai influenciar não apenas a maneira como as pessoas compreendem a crise ambiental, mas também a pressão realizada sobre governos e empresas para assumir medidas mais sustentáveis. 


O jornalismo tem um papel estruturante na cobertura climática e vai ter de se dedicar a isso cada vez com mais afinco. O impacto real da COP 30 Amazônia vai depender não apenas das negociações diplomáticas, mas também da maneira como as pessoas vão acompanhar e reagir ao que for discutido. Nesse processo, a mídia continuará desempenhando um papel primordial na construção da consciência coletiva sobre o clima.



 
 
 

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O Dossiê COP-30 é uma produção da disciplina de Tópicos Especiais em Jornalismo da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

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